O ícone é uma imagem formal, estilizada e litúrgica que se diz "escrita", não pintada, desenvolvida nas igrejas do Leste. Ela deve seguir certos regulamentos, porque não é a expressão de um artista, mas sim de toda a Igreja. Todas as outras pinturas são feitas com a minha interpretação pessoal das realidades cristãs.
Da mesma forma como um hino está para a música cristã, um ícone está para a pintura religiosa.
A preparação da placa de madeira e a técnica da pintura tornam-se num processo meditativo.
O iconógrafo aplica primeiro os tons escuros de cor, colocando depois os tons mais claros, para mostrar que Deus não remove as trevas, mas que as transforma. A própria luz não vem de uma fonte externa, mas é emitida de dentro da figura sagrada retratada, geralmente em formas circulares, uma vez que o círculo é um símbolo de eternidade. O uso de folha de ouro puro é uma advertência à luz eterna.
A cortina nas figuras não depende do seu próprio peso. A sua forma é produzida pela iluminação circular em torno de cada junção, como se cada uma fosse o centro da vida. Os olhos são geralmente grandes e a boca pequena, porque as pessoas santas veem muito através da sabedoria divina e falam pouco mas com palavras santas.
A perspectiva nos ícones é deliberadamente contrária à maneira como vemos as coisas e como são dadas na perspectiva de Deus. Torna-se uma janela através da qual Deus e os santos estão em comunhão connosco, à qual respondemos com uma admiração silenciosa. Em sua beleza misteriosa, o ícone nos convida a contemplar Deus e a nos relacionar com Ele. É um objeto sagrado.
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Traduzido por Helena Domingues
